O tempo passou e o apanhador de maçãs envelheceu, de forma que Zul resolveu aposentá-lo. Em seu lugar, Zul escolheu um homem chamado Maal.
No tempo certo, partiram aqueles 7 homens, cada um trilhando seu caminho. O caminho de Maal passava dentro de um pântano, o qual, uma vez atravessado, revelou a mais frondosa e exuberante macieira. Como estava cansado, Maal resolveu comer uma das maçãs e o gosto era tão doce que ele desejou todas para ele. Sem pensar, subiu na macieira e começou a comer uma a uma. Quando se deu conta, já estava se esgueirando até os mais finos galhos, quando então o galho se partiu e ele foi ao chão. Percebeu que não apenas o galho se partiu, mas todo o tronco da macieira. E não havia sequer uma maçã.
De volta a razão, o desespero tomou conta de Maal. Como poderia voltar de mãos vazias? Com vergonha de contar a todos o que realmente havia acontecido, teve uma ideia. Rolou no chão, pulou na lama, feriu a si mesmo e retornou à vila. Apresentando-se a Zul, disse que quando atravessou o pântano, viu a macieira sendo atacada por homens vis e cruéis. Tentou em vão defendê-la, já que eram em número maior. Disse ainda que não contentes em ter consumido todas as maçãs, ainda destruíram a árvore para que ninguém mais pudesse desfrutar de seus saborosos frutos.
Todas as pessoas se emocionaram com a história de Maal, menos Zul que lhe disse:
-De fato a história é trágica, porém você foi incumbido de prover a vila de maçãs. Vai e só volta com os cestos transbordando de maçãs vistosas. Sendo você o responsável pela macieira, só será digno de viver entre nós oferecendo-as ao povo.
Maal, indignado com a frieza de Zul, ainda o indagou sobre como faria para trazer maçãs, uma vez que a macieira havia sido destruída. Zul porém retornou aos seus aposentos sem lhe dar uma resposta. Como a última palavra era sempre de Zul, Maal foi obrigado a deixar a vila, mesmo que já estivesse de noite. Antes de sair, apareceram 3 crianças com presentes.
A primeira ofereceu um cobertor. A segunda, uma faca e a terceira uma tocha. Maal aceitou de bom grado os presentes e saiu a caminho do pântano. Antes que o fogo da tocha se consumisse, fez uma fogueira, caçou um coelho e o preparou com a faca. A coberta o agasalhou contra o frio da noite.
Nos dias seguintes, vagueou pelo pântano, se alimentando de pequenos animais e frutas azedas e bebendo água amarga, enquanto o ódio por Zul aumentava cada vez mais. Mesmo assim, continuou próximo à vila, com esperança de que Zul se compadecesse com sua história e mandasse alguém atrás dele. Dez dias se passaram sem ninguém aparecer e então ele resolveu atravessar o pântano. Pôde ver a macieira destruída e lamentou que sua cobiça o tivesse levado àquela condição. Foi quando percebeu pequenos pontos marrons sobre uma pedra. Eram sementes.
Plantar uma nova macieira parecia absurdo, pois demoram-se anos até que elas comecem a dar frutos. Mas com certa esperança, Maal o fez. Mais dias foram passando e Maal percebeu mudas crescendo. Mesmo que a ideia parecesse ridícula, ele continuou semeando e cuidando da muda.
Passaram-se 2 anos até que a macieira começou a dar frutos. Nesse tempo, Maal construiu uma tenda e foi sobrevivendo como pôde através do pântano. Quando se deu o tempo da colheita, ele o fez e voltou à aldeia com duas cestas cheias de maçãs. As pessoas ficaram muito felizes tanto pela volta de Maal quanto pela chegada de maçãs. Além disso, as maçãs de Maal eram muito mais vistosas que as maçãs de dois anos atrás.
Zul recebeu Maal cheio de felicidade e o aceitou de bom grado na vila novamente. Ele já não nutria mais nenhum ódio ao líder da vila, tanto que contou a Zul toda a verdade dos acontecimentos. E Zul disse:

O tempo passou e Maal continuou apanhando maçãs para a aldeia durante muitos e muitos anos.
Interessante a idéia desse conto. O orgulho e a ambição as vezes quebram os galhos das árvores que nos oferecem frutos, e nossa vaidade nunca permite semear novas árvores.
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