Era um vez um jovem e inculto homem chamado Eron, que almejava ser rico e próspero. Ele trabalhava no templo de um velho mestre que era considerado o homem mais sábio do mundo. Um dia, Eron perguntou ao velho mestre:
-Mestre, o que devo fazer para adquirir felicidade plena, ser rico e próspero?
E o mestre respondeu:
-Se você tocar o Sol se tornará o homem mais feliz, mais rico e mais próspero do mundo.
Eron decidiu então abandonar o templo e ir em direção ao Sol para tocá-lo. Da vila onde morava, percebeu que no fim do dia ele descia atrás das longínquas montanhas a oeste. Foi então para lá. Demorou 14 dias para chegar, mas assim que desceu a montanha, percebeu que o Sol agora descia mais distante, numa floresta.
-Então achas que pode fugir de mim?
Animado, continuou a andar e andar até chegar na floresta. Nada de Sol. Na floresta, havia uma infinidade de frutos exóticos. Como a comida que Eron levara tinha acabado, ele resolveu experimentá-los. Uns eram muitos saborosos, outros quase o mataram. Apanhou alguns daqueles frutos saborosos e continuou atrás do Sol que agora descia mais adiante. Caminhou em sua direção até chegar em uma fazenda. Estava doente, mas o dono da fazenda gentilmente hospedou-o lá e cuidou dele. Em troca, Eron trabalhou alguns dias para o fazendeiro. Aprendeu a arar a terra, a tirar leite das vacas e a pastorar o gado. Dias depois, retornou ao seu caminho e continuou atrás do Sol. Quanto mais andava, mais o Sol se afastava. Mas Eron mantinha-se determinado.
Andou dias e dias, se alimentando de frutas (agora ele já sabia diferenciar as comestíveis das venenosas) e alguns pequenos animais que caçava pelo caminho. O tempo passou e ele chegou até o mar. Eron ficou maravilhado com toda aquela imensidão, parecia não ter fim. Logo depois, se desesperou ao ver que o Sol descia para o fundo das águas.
-E agora? Minhas pernas são fortes, mas não posso simplesmente caminhar sobre as águas! Como chegarei até o Sol?
Sentou-se na areia desolado, acreditando que seu caminho terminava ali. Viu mais tarde um vulto vindo em sua direção. Era um barco, cheio de pescadores. Eron nunca tinha visto um barco e viu ali a esperança de poder ir atrás do Sol. Ofereceu seus serviços aos pescadores que o acolheram com alegria. Aprendeu a pescar, nadar e velejar. Passou algum tempo na vila, até ser capaz de comprar um pequeno barco.
-É agora que vou rumo à riqueza.
Despediu-se dos pescadores e velejou em direção ao Sol. Depois de dias em alto-mar, viu uma ilha e acreditou ser ali a morada do Sol. Mas não havia nada lá, além de frutas e pequenos animais que abasteceram Eron. Eron aproveitou-se da madeira das árvores e fez alguns reparos no barco. Assim que estava pronto, partiu novamente rumo ao Sol. Continuou velejando mais dias, enfrentando tempestades, sozinho e infeliz. Quando viu terra à vista, porém, a alegria tomou conta dele. O Sol tinha se cansado do mar e voltado para a Terra.
Na pequena cidade litorânea onde abarcou, vendeu seu barco e procurou um trabalho para sobreviver. Um homem chamado Dumas, dono de uma confeitaria, acolheu Eron. Trabalhando dia a dia na confeitaria, aprendeu a fazer pães, broas e várias outras massas.
Eron não desistiu de ir atrás do Sol, na verdade, tinha um plano: Se queria alcançar o Sol, deveria se locomover mais rápido que ele e para isso precisaria estudar. Entrou numa pequena escola e em pouco tempo aprendeu a ler e escrever. Todas as noites, após o serviço, lia continuamente livros sobre a natureza, religião e até filosofia. Conheceu uma linda moça chamada Dite, por quem se apaixonou e casou. Tiveram filhos e Eron herdou a confeitaria de Dumas após sua morte. Eron era feliz, a confeitaria era bem-sucedida e Dite era uma fiel esposa e boa mãe. Contudo, Eron ainda almejava tocar o Sol. Tempos depois saiu ele e toda sua família em uma caravana rumo ao Sol. Foram a cavalo, mas quanto mais corriam, mais rápido o Sol fugia. Durante a perseguição ao Sol, Eron chegou a uma vila que reconheeu como sendo sua terra natal. Procurou o velho mestre e se alegrou em saber que ele ainda estava vivo e saudável.
-Mestre. Lembra-se de mim? Sou Eron, o jovem que há 20 anos atrás, saiu em busca do Sol. Hoje estou mais velho, mas ainda não consegui tocá-lo. Não consegui encontrar a riqueza, a prosperidade e felicidade.
O mestre então disse:
-De fato, não conseguiu tocar no Sol, pois isso é impossível. Mas não percebes o que conquistou? Olhe para trás e veja seu caminho. És um homem independente. Aprendeu novos dons e talentos. Tem uma esposa fiel e filhos sadios. Juntou riqueza suficiente para garantir um futuro com dignidade para você e todos eles. Você foi tolo em achar que somente a riqueza, prosperidade e felicidade absolutas te satisfariam, mas se enganou. O importante é a busca e ela te fez mais rico a cada passo.
Emocionado, Eron começou a chorar. Beijou as mãos do Mestre e se despediu.
Na saída, sua mulher perguntou:
-Agora que sabes que é impossível tocar o Sol, o que iremos fazer?
E Eron disse:
-Vamos continuar perseguindo-o!
Muito legal o conto. Achei bem interessante a moral da história. Parabéns pelo blog!
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